sexta-feira

Verdejante vira palco da cultura popular - 26/05

Mazurcas, reisado, são gonçalo e malhação de judas tomaram as ruas da cidade nesta quinta-feira, dia 26

Caretas de Verdejante fazem Malhação de Judas. Era começo de noite quando um grupo de caretas entrou pela sala de Dona Maria do Socorro chamando os moradores pra participarem da malhação de Judas, que estava prestes a acontecer logo ali na frente de sua casa. A brincadeira que acontece há mais de 90 semanas santas - mais antiga que o próprio município de Verdejante – ganhou novamente as ruas da cidade, enriquecendo a programação do Festival Pernambuco Nação Cultural.

“A brincadeira de malhar Judas aqui é diferente, os meninos se dedicam mesmo, juntam material pra fazerem as caretas, animam a cidade”, comenta Dona Maria sobre a atuação do Grupo de Caretas de Verdejante. Além dos adereços de cabeça, que podem ser flores ou até mesmo um par de chifres, os integrantes preparam coreografias e encenam o furto de alimentos oferecidos no ritual. Aos ladrões, sobram chicotadas e “sofrimento”, tal qual o Judas que, ao fim da brincadeira, jaz no terreiro, sem capim algum que o preencha.

Mas a noite estava apenas começando. Em cortejo até a praça central de Verdejante, os caretas se tornaram espectadores do Encontro de Mazurcas, Reisado e São Gonçalo, que promoveu a reunião entre o grupo de idosos local (Mazurca de Verdejante) e outras agremiações das cidades de São José do Belmonte (Mazurca e Reisado) e Parnamirim (Mazurca).

A integrante mais antiga do grupo de Mazurca “Na Flor da Idade”, Irene Ferreira, expressou bem a alegria que sente em participar da manifestação: “Eu fico mais jovem, meu filho. Fiz 70 anos agora, mas quando eu danço, fico com 25”, sorri Dona Irene ao seu par na dança, Sr. Antônio Domingo. Nascido Antônio Severino de Oliveira, é ele quem conta um pouco da história do grupo: “Começamos a dançar mazurca no ano de 2006, já rodamos várias cidades como Triunfo e Belmonte. Nossa dança tem feito sucesso”, celebra o mestre, revelando ainda o orgulho que sente pelo grupo contar também com sanfoneiro e zabumbeiro.

Conheça um pouco mais da trajetória dos grupos que se apresentaram em Verdejante no 1º Encontro de Mazurcas, Reizado e São Gonçalo do Sertão Central:

Mazurca de Parnamirim - A mazurca é uma dança com pares, tendo o ritmo de uma valsa, só que mais rápido e o tempo de parar quem marca é o tocador. No grupo de Parnamirim, os participantes começaram desde criança a praticar a dança da mazurca, assistindo aos pais, que nos finais de semana se reuniam nos sítios e convocavam os vizinhos para um forró. Nos intervalos, entre um forró e outro, os pares se formavam para dançar outro ritmo, a mazurca. Da zona rural, onde surgiu, a mazurca chegou à cidade e agradou à população. Em Parnamirim, a dança chegou a ser ensinada até nas escolas públicas, popularizando o ritmo e formando-se vários grupos na cidade, como o Centro de Referência da Assistência Social, que hoje conta com 20 membros, ou seja, 10 pares. Essa difusão da mazurca se deve também ao mestre José Dias, que hoje, com idade avançada e problemas de saúde, já não consegue mais dançar.

Mazurca de Verdejante - Em Verdejante, a dança da Mazurca foi adotada pelo Grupo de idosos Na Flor da Idade, desde 2006. A partir de então, vem sendo realizada durante as comemorações de datas festivas na cidade e na região. Os instrumentos utilizados para acompanhar a dança são os mesmos do forró, com a sanfona, zabumba e triângulo, tocados pelos próprios componentes do grupo de dança. O que muda mesmo é o ritmo.

Reisado do Mestre João Cícero - O Reisado é outra manifestação popular de grande penetração no Sertão Central, e o mestre João Cícero, de São José do Belmonte é um dos maiores incentivadores dessa dança em sua cidade. No auge dos seus 76 anos de idade, ainda dá aulas de reisado, em forma de oficina, na Associação Cultural Pedro da Reino, que é também um Ponto de Cultura em Belmonte. Com isso, ele vem ajudando a manter viva essa tradição. O mestre ainda integra uma banda de pífanos e participa de outro grupo de idosos da cidade, praticantes da Dança de São Gonçalo, que também se apresentará no Festival Pernambuco Nação Cultural.

São Gonçalo do Sítio Tamboril - No Brasil se faz festa para o São Gonçalo oferecendo uma dança, cerimônia que ocorre sempre, na maioria das vezes, por pagamento de promessa. Há muitas lendas sobre São Gonçalo. Dizem que a sua dança vem do começo do mundo, que ele era muito farrista e, para pagar suas dividas, dançava a noite toda com pregos nos sapatos. Contudo, todas as lendas sobre São Gonçalo dão conta de que era muito alegre, gostava de tocar viola e por meio dos versos ensinava a religião. Uma mistura de profano e religioso. Uma pessoa faz uma promessa e, em agradecimento a graça alcançada, convida amigos, vizinhos, parentes e músicos (violeiros) para realizar a Dança. Os moradores da comunidade Tamboril, localizada na divisa de São José do Belmonte com o estado do Ceará, dançam o São Gonçalo desde 1970. Na época, os mestres e contramestres eram os senhores Antônio Noberto, Zé Pedro e Antônio Pergentino. Com o falecimento de Zé Pedro e Antônio Pergentino, o Sr. Antônio Noberto continuou dançando o São Gonçalo em diversas comunidades do município, e cidades vizinhas, sempre atendendo convites de pessoas que queriam pagar promessas. No início dos anos 70, um grupo de moradores do Sítio Tamboril, liderados pelo Sr. Antônio Noberto fizeram a sua primeira apresentação em um palco na praça do centro da cidade. Em 2004, após décadas no anonimato, a Associação Cultural Pedra do Reino, convidou o grupo do sítio Tamboril para participar da programação da Cavalgada à Pedra do Reino, e desde então, todos os anos, sempre no ultimo sábado do mês de maio, no inicio da manhã, o grupo se apresenta na Praça Sá Moraes, no centro de São José do Belmonte. Uma tradição que vem passando de pai para filho.

http://www.fundarpe.pe.gov.br/verdejante-vira-palco-da-cultura-popular

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