quinta-feira

Aspectos históricos de Verdejante...



Verdejante - Pernambuco




Em meados do século XIX, algumas famílias oriundas da Fazenda Panela D’água entre outras, fixaram residência nas redondezas da fazenda Bezerros, no alto Sertão Pernambucano, na época distrito da cidade de Salgueiro. A agricultura familiar se desenvolveu lentamente, até que, por volta de 1915, ano de grande seca foi sentida a necessidade de uma feira semanal, pois à distância de Salgueiro e Belmonte dificultava o comércio de produtos agrícolas e outras mercadorias. Para conseguir ajuntamento popular, foi construída uma latada coberta de folha de catolé, iniciou-se então a feira aos domingos.
Já em 1917, por questões políticas, o então prefeito da cidade de Salgueiro o Coronel Romão Sampaio, mandou proibir a realização da feira. A polícia apareceu e desmanchou a latada, destruindo os quiosques que vendiam café e doces, com agressões espancaram populares, e ainda desarmou o chefe político David Jacinto, levando-lhe o rifle que possuía. Em dezembro do mesmo ano, em campanha política, o professor Agamenon Magalhães visitou a vila, interessou-se e prometeu interceder, o que de fato fez, bem como a devolução da arma de David Jacinto.
Na época das festividades natalinas, e a pedido de “Padim Ciço” (Padre Cícero), o Padre Manoel Firmino, pároco de Salgueiro, propôs que se construísse uma capela. Em reunião com os principais chefes de família da época e com a doação do patrimônio por David Jacinto, Mariano Gomes e Cirilo Ribeiro, ficou decidida a construção da capela.
Surgiram em seguida as “barracas” que se foram substituindo por casas. Com a boa vontade de todos, iniciou-se o mutirão para construção da capela, o povo carregava as pedras para os alicerces, fazia tijolos, ajudava com doações e trabalho voluntário. A capela foi inaugurada em 1918, com a chegada da imagem de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro em 08 de dezembro, com a celebração de uma festa.
A vila Bezerros foi rota do cangaço, em 1926 Virgulino Ferreira da Silva vulgo “Lampião” com seu bando saquearam o pequeno vilarejo, o alvo era o coronel David Jacinto, que liderava o povoado. O cangaceiro queria dez contos de réis e o coronel se negou a dar. Lampião irritado, mandou seus capangas amarrá-lo de costas num jumento e o seqüestrou.
A esposa do coronel, Dona Joaninha, muito apavorada fez uma promessa para que seu marido retornasse a salvo, ela conseguiu o dinheiro emprestado com o Coronel Veremundo Soares na cidade de Salgueiro e pediu a Manoel Coelho sair à procura do bando com o dinheiro do resgate, sabia-se que o bando havia seguido para Carnaúba, e lá encontrou o bando. O dinheiro foi entregue e o Coronel voltou para casa, a promessa então atendida foi realizada uma festa com os vaqueiros da vila, originando assim a tradição da Missa do Vaqueiro no dia 08 de Dezembro.
O pagamento da promessa pelo “seqüestro do coroné” fez surgir no início do século XX a “Missa do Vaqueiro de Verdejante”, com a celebração dos festejos à N. Srª Imaculada Conceição, que acontecia sempre na casa do Coronel, e se matem como tradição há mais de 80 anos, a “Festa dos Vaqueiros” acontece até os dias atuais mobilizando a comunidade do Sítio Riacho Verde em Verdejante e os municípios que compõem o Sertão.
Verdejante, nossa grande cidadezinha! Terra da pega de boi, da religiosidade, do forró pé-de-serra aos sanfoneiros, banda de pífano e filarmônica, dos poetas e violeiros, do artesanato e dos engenhos, das rezadeiras e benzedeiras, da gastronomia popular, das danças e manifestações populares com expressão, terra de gente hospitaleira que respira cultura e as repassa de geração para geração, rota do cangaço de um povo forte e lutador.

Pesquisa: Robson Sá - 2009

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